segunda-feira, 14 de março de 2011

Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim*


Democracia (do grego demos, “povo”, e kratos, “autoridade”).

Segundo o dicionário Aurélio:
Governo do povo; soberania popular; democratismo; doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder


Durante as eleições e ainda hoje, observo surpresa a posição de algumas pessoas. Na ânsia de defender seu partido, suas convicções, sai atropelando tudo e todos que vêem pela frente, crucificando inocentes, tripudiado, tratando alguns como se fossem terroristas infiltrados (e me pergunto: infiltrado em quê? – chega a ser burlesco) e ignorando ideias apenas por serem de partidos opositores, impondo suas posições de modo tirânico, e ao final, tornando-se incoerentes.

Não percebem que esta paixão os cega. Não importa quem seja, citou uma vírgula que não concorda, é um traidor, um execrado.

E não se dão conta de que ninguém pode sair por aí falando das pessoas sem ter certeza absoluta do que fala, sem um mínimo de bom senso. Oopsss! Muita calma nesta hora!
Esta atitude é no mínimo irresponsável, afora a responsabilidade legal que envolve estes atos.

Tudo isto é algo longe de ser democrático.
Radicalismo é algo muito longe da democracia.

O próprio Partido dos Trabalhadores se deu conta disto e se tornou o que é hoje neste país. Tivesse Lula mantido suas bandeiras do início da sua carreira política, nunca teria chegado à presidência e nem sequer teria conseguido chegar ao governo brilhante que tivemos. É necessário ceder, tentar compreender e principalmente ver o outro lado. Ninguém está com a razão. Lula se deu conta isto. E fez história neste país.
Temos que defender o que acreditamos, mas de modo racional, e cedendo quando for necessário para um bem maior, reconhecer que somos humanos e falhos e consequentemente nossas instituições também. Lula não é perfeito, Dilma não é perfeita, você não é perfeito, eu não sou perfeita. Mas a grande diferença é que alguns têm a humildade de reconhecer e ao tentar corrigir nossos erros, começamos a melhorar como indivíduos, o que nos leva derradeiramente ao respeito aos outros e as suas opiniões.
Se Dilma acertar, temos que enaltecê-la e mostrar que está no caminho correto, se errar, temos que criticar para que ela tenha esta consciência e verificar onde estão as falhas e tentar corrigir, pois só nos aperfeiçoamos quando nos conscientizamos de nossos deslizes, não dos nossos acertos. Tenho certeza que não interessa à Dilma esta militância cega que fica à caça de elefantes cor de rosa pelas paredes, pois nada acrescenta e na verdade, só atrapalha. Serra e seus asseclas estimularam este lado negro e doentio de seus militantes e vimos os resultados. Mas também vimos a resposta dos eleitores nas urnas.

Radicalismo não nos remete à democracia, não nos remete aos interesses do povo.
Radicalismo nos remete aos regimes autoritários, à sangue e à morte.
Radicalismo nos remete a ser tudo que criticamos.


"Mas o maior e mais inaceitável vício do radicalismo político talvez seja a sua arrogância intelectual. O extremista radical insiste teimosamente em falar em nome de um povo que, todavia, eleição após eleição, lhe nega apoio e mandato. O extremista radical proclama-se defensor sincero de um modelo social, mas combateu empenhadamente a construção dos seus alicerces, porque supostamente atrasavam a revolução e resultavam de uma imaginária conciliação de classes. O extremista radical arroga-se um direito que nunca ninguém lhe concedeu: o direito à classificação e ao julgamento moral dos outros. Ora, esta jactância; esta reclamação de uma superioridade intelectual e  moral - que nunca, na história, justificou; (...), é profundamente estranho aos valores próprios da democracia e do debate democrático"!**

*Título refere-se a uma frase de Millôr Fernandes
**Texto retirado da página do partido Socialista de Portugal - http://www.ps.pt/

0 comentários:

Postar um comentário