terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sabedoria de vida

Na minha última viagem conheci em um dos passeios, uma garota que se chamava Tatiana, viajando com sua avó.
Não nego que fiquei surpresa com sua atitude. Mais surpresa fiquei ainda ao longo dos dias com o carinho que ela nutria por esta senhora.
Tratava-a com um amor e respeito, que é muito pouco visto hoje em dia, ainda mais por sua idade, no máximo uns 25 anos e chutando bem alto!
Não conheço a história delas, seria muito invasivo de minha parte fazê-lo, mas de qualquer forma não importa. Importa sua atitude.

Ela me remeteu a minha avó materna, em que eu tinha um grande amor e carinho, ela foi minha segunda mãe, já que minha mãe sempre trabalhou foi ela quem cuidou de mim, ela que me ouvia e me aconselhava.
Adorava suas histórias, acho que era sua melhor ouvinte, ela poderia contar a mesma centena de vezes, que eu ouvia com toda atenção e interesse. Adorava suas comidinhas, suas deliciosas tortas de palmito.
E lembro que na última conversa que tive com ela, antes de falecer, ela me disse que em seu último infarto, me via ao seu lado, de mãos dadas, com meus sapatinhos brancos que ela me dera quando criança (e que eu adorava), lhe acompanhando. Palavras que nunca esquecerei, que me tocaram profundamente. E sei que em seus últimos momentos ela pensou em mim novamente.

E a Tatiana me fez pensar: eu nunca tive uma atitude semelhante com minha avó, sempre que precisei dela, ela estava ali ao meu alcance, mas nunca retribui de verdade como ela o fez.
Estas senhoras e estes senhores que merecem nosso respeito e gratidão por tudo que viveram e tem muito a nos oferecer, poucas vezes lhe retribuímos a altura.

Por isto digo a vocês que ainda tenham suas avós e avos ao seu lado: curtam muito, deem a atenção que merecem e precisam. Talvez nem seja necessário uma viagem (apesar de ser uma ótima ideia a ser aproveitada para quem tiver esta oportunidade), mas os levem para um passeio, a um jantar, mostrem seu afeto enquanto ainda podem. Cedam seu lugar no ônibus, no Metrô. Ofereça-se a ajudá-los a atravessar a rua. Ouçam suas histórias de vida. Retribua a sua maneira o carinho e atenção que sempre lhes foi oferecida. Além do mais, gentileza gera gentileza. Sempre.

E principalmente: Não os joguem em um asilo! É cruel demais!

Respeitemos e valorizemos estas pessoas que sempre terão sua sabedoria para nos oferecer. Não façamos isto por caridade, mas por reconhecimento e agradecimento.

E deixo aqui meus parabéns a Tatiana, a todas Tatianas deste mundo, que sabem estimar o que tem de mais precioso.

1 comentários:

Mel disse...

Bem sensível o texto Analu.Gostei bastante.

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