segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Jornal da Band - Mais do mesmo

Como presente de Ano Novo, tivemos mais um triste exemplo da nossa mídia, que não tem como lema informar, apenas desinformar, distorcer os fatos de acordo com sua conveniência.
Assistindo o Jornal da Band em 31 de dezembro (ato o qual fiz pela última vez), vi mais um exemplo deste descalabro, não bastasse os impropérios dos Senhores Marcelo Tas e Datena.
Durante todo o jornal anunciaram irritantemente um editorial sobre o caso Battisti, que assisti ao final.
Como todo bom fascista, colocaram Lula como comedor de criancinhas que não respeita o ser humano. E informaram apenas o que lhes interessavam. Panfletagem ao invés de jornalismo.

Vamos aos fatos:
·         Como no Brasil, a esquerda na Itália sempre foi estigmatizada pela direita. Vide às últimas eleições. Muitas vezes criavam/criam ‘fatos’ (como nossa popular Bolinha de papel), para colocar a população contra ela. Atentados à bomba eram feitos para incriminar a esquerda, e hoje sabemos que a direita fez isto com este intuito. E a igreja sempre ao seu lado. Como no Brasil...
·         Battisti pertenceu ao grupo Proletários Armados Pelo Comunismo (PAC), na Itália, década de 70. Acusado de quatro assassinatos, sendo um deles de um civil. Mas omitem que era um civil politicamente militante e... fascista. E quanto ao filho que ficou paraplégico, investigações apontam que o próprio pai atirou acidentalmente contra este. Em nenhum dos assassinatos existe prova de sua participação, além de uma testemunha duvidosa.
·         Battisti foi condenado à prisão perpétua, sem direito à luz solar, mesmo tendo como prova apenas esta ‘testemunha’.
·         Battisti antes de fugir ao Brasil, obteve asilo político na França, François Mitterrand se comprometeu a não extraditar os ex-ativistas de extrema esquerda italiana sob a condição de que abandonem a luta armada, decisão a qual foi revogada no governo de Jacques Chirac, que motivou sua fuga do país.
·         No período da ditadura, dezenas de inocentes e militantes de esquerda foram cruelmente assassinados. Crimes que foram prescritos pela legislação brasileira.
·         Pier Paolo Pasolini, um grande cineasta, também militante de esquerda e homossexual, foi brutalmente assassinado. O homem que foi condenado por este crime, hoje livre, afirma que foi obrigado a confessar, porém não o cometeu. Novas investigações, que não foram feitas pela polícia, apontam assassinato político.
·         Lula não repetiu o erro de Getúlio, que cedeu Olga Benário Prestes aos pedidos da Alemanha nazista.
·         O Brasil é um país soberano e o presidente da República decidiu em estrita concordância com o nosso direito e com aquilo que o Supremo Tribunal Federal havia determinado.
·         Serra foi membro da AP (Ação Popular), acusada de atentados a bombas e ações de guerrilha. Obteve asilo político no Chile.
·         Berlusconi, um homem amoral, não tem nem sequer dignidade para falar de nosso presidente.
·         No caso dos cubanos, eles mesmos que solicitaram o retorno à Cuba (fato omitido pela imprensa).

A mídia brasileira tenta desesperadamente macular o Governo Lula, desconstruí-lo. Em vão.
E bato mais uma vez na mesma tecla: antes de julgarmos, pesquisemos o assunto. Aí poderemos emitir uma opinião sóbria e nossa. Não a da mídia.


No último dia do ano, o Presidente Lula formalizou, finalmente, a decisão esperada. Baseado em cuidadosa e exaustiva manifestação da Advocacia-Geral da União, elaborada pelo Consultor da União Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, o Presidente optou por não ”entregar” Cesare Battisti. Já não é o caso de se discutirem aspectos fáticos e técnicos do caso. Do ponto de vista histórico, político e moral, há dois argumentos que impressionam qualquer observador imparcial. O primeiro: já se passaram mais de trinta anos dos fatos relevantes. No Brasil, o maior prazo de prescrição é de vinte anos. O segundo: se no Brasil demos anistia aos dois lados, tendo em vista, precisamente, os episódios ocorridos no mesmo período, qual seria o sentido de enviar Battisti para passar o resto da vida na prisão na Itália? A reação do governo italiano, em tom inapropriado, apenas confirma o acerto da decisão presidencial. Depois de mais de trinta anos, o assunto ainda é tratado em clima de final de copa do mundo, com gritos, bravatas e patriotadas.*

“Para ser tucano é necessário não ter caráter. É pré-requisito ser amoral”.

Para entender mais do caso: Cenários Invísiveis do Caso Battisti


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