sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tio, dá uma esmolinha aí?

Quem nunca ouviu esta frase? Aqui em São Paulo, ouvi centenas de vezes.
O brasileiro por natureza é solidário e se enternece. E na maioria das vezes doa, mesmo sabendo que não deveria. Eu já ajudei algumas vezes: para completar a passagem do ônibus, por um prato de comida; em casa, mamãe sempre tinha algo para oferecer a quem pedia. Nem que fosse apenas o simples e bom "pão velho". Lembro que tínhamos até nosso “amigo mendigo”, vinha quase todos os dias. Eu, pequena ainda, normalmente era quem levava (sobrava, na verdade). E não dava apenas um prato de comida, parava e conversava. (É, apesar de ser super tímida, sempre falei pelos cotovelos, (risos) e já tinha uma visão das injustiças, e queria da minha maneira simplória, ajudar a amenizar). Mas um dia ele sumiu. Hoje, imagino seu fim.
Gostamos também de ajudar instituições, colaboramos com igrejas e afins (bom, muitos não gostam, fazem por obrigação ou para dizer que fizeram, mas o importante é o fim). Damos nosso rico e suado dinheiro acreditando que terá um bom uso. Na realidade, não sabemos se terá, pois não temos controle sobre isso. Mas mesmo assim o fazemos. Com a vontade de ajudar ao próximo, com o desejo de que estamos de alguma forma contribuindo para que possa diminuir suas mazelas.
E eis que o governo cria o bolsa-família. Que faz a mesmíssima coisa que nós brasileiros sempre fizemos, ou seja, ajudar a quem precisa. Mas com uma grande diferença: com controle e com retorno. Sim, o governo dá. Mas cada um tem que provar que realmente precisa e... devolver. Devolver como? Mantendo seus filhos na escola e vacinados. E mais do que dinheiro, o bolsa-família concede a estas famílias beneficiadas, dignidade.
É, você dá sem nenhuma exigência de retorno e na maioria das vezes, sem prova de como será aplicado seu dinheiro. O governo, não.
Mas aí você pergunta: e qual a vantagem para o restante do povo que não recebe o bolsa-família?

Respondo:

1.    A vacinação em massa de crianças permitirá erradicar muitas doenças do Brasil, como a paralisia infantil, que hoje é praticamente inexistente.

2.    Cada criança na escola é uma criança a menos trabalhando. Uma criança que terá o que comer. Uma criança a menos a caminho do crime (ok, isto não é sequer o padrão, mas ao menos está se dando um caminho, uma alternativa).
Cada criança na escola, abre a esta novas portas, novos horizontes. Teremos mais adultos formados daqui alguns anos, com oportunidade de um futuro melhor. E com mais pessoas com formação superior, dará ao final, seu retorno ao país: mais investimentos, mais profissionais capacitados para gerir a economia, mais cidadãos conscientes do seu papel social e político neste país.

Nossa! Mais cidadãos conscientes do seu papel social e político neste país? Que maravilha! - - Verdade, maravilhoso! E é isto exatamente que a direita (leia-se Serra/PSDB/DEM/MÍDIA), não quer.
Aí você diz: Ah! Como você está sendo maldosa! Por que eles haveriam de não querer?

Respondo:

Simples. Perderão seu gado, sua massa acéfala. Deixaram de ditar as regras. Terão um povo que brigará por seus direitos e não aceitará suas imposições.
É interesse desta elite manter as escolas com seu baixíssimo nível, poucas universidades acessíveis ao povo.
Educação só para a elite. Povão só é bom para abraçar e beijar às vésperas das eleições. E só. E você sabe que não estou mentindo.
Hoje, professor é um herói. E falo por São Paulo, de onde sou e conheço bem. Sujeitos a péssimas condições de trabalho, violência. Não é mais respeitado. Não é mais um mestre. Se o próprio governo não os respeita, como podemos exigir das nossas crianças que o façam?

Aí você fala:
Peraí!!! Você começou a falar de esmola e termina falando de professor?

Respondo:
Esta era a intenção. Fazer você perceber como nossas ações, por menor que sejam, influenciam a sociedade como um todo. Portanto qualquer ação macro, como uma governamental, tem um alcance profundo na sociedade. Positivo ou não. Os resultados por vezes demoram a aparecer. Mas quando você menos se der conta, estará vivendo esta nova realidade. Aliás, já a estamos vislumbrando. E programas como o bolsa-família, não serão mais necessários, caso mantenhamos estas políticas sociais visando o bem-estar da população até atingir suas metas.

Decidiremos dia 31 de outubro qual futuro teremos.

Cada um de nós, mesmo que inconscientemente, somos agentes desta transformação. Então cabe a nós escolher: retrocesso e perder todo este avanço (Serra), ou optar por esta continuidade que finalmente vislumbra o Brasil, país não mais do futuro, mas do presente e para todos (Dilma)?

0 comentários:

Postar um comentário